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BDSM: como iniciar e praticar com segurança


BDSM

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Escrito por:
The Men's

Tempo de leitura:
10 minutos

Criado em:
01/03/2023

Última atualização:
01/03/2023

BDSM: como iniciar e praticar com segurança

Assim como quase tudo que envolve a sexualidade, BDSM é um tema que ainda é considerado tabu. Ele vem, entretanto, ganhando visibilidade nesses últimos anos, principalmente após o lançamento da trilogia de E.L. James “50 Tons de Cinza”.

O sucesso da história descrita por James nos mostra que grande parte da sociedade tem interesse por algo mais excêntrico e ousado quando se trata de sexo. 

Contudo, existe uma controvérsia por praticantes de BDSM em relação ao que foi retratado nos livros e filmes desta trilogia. Afinal, o que realmente é BDSM? Existem regras para essa prática? Venha descobrir tudo sobre este tema e como praticá-lo com segurança.

O que é BDSM?

A sigla BDSM pode ser destrinchada em três partes e representa, resumidamente, um conjunto de práticas sexuais onde se obtém prazer através da dor.

  • as letras B e D, representam bondage e disciplina; 
  • D e S, vem de dominância e submissão;
  • e por fim, S e M, representam as palavras sadismo e masoquismo.

É interessante entender cada prática que compõe o BDSM para compreender um pouco mais sobre este tema:

Bondage

Compreende o ato de amarrar ou restringir os movimentos físicos da parceira ou parceiro, utilizando cordas, algemas, cabos, correntes, mordaças, fitas adesivas ou máscaras, que podem ser usadas como venda para privar a visão do submisso. 

O intuito dessa prática é render o parceiro ou parceira e privar seus movimentos. Está ligada com a prática de submissão que será explicada mais à frente.

Disciplina

A disciplina representa o entendimento e a boa percepção de que existem regras a serem seguidas, sejam elas entre o submisso e dominador, durante a prática sexual que envolve o BDSM, ou as regras gerais, que envolvem o que pode ou não ser feito pelo dominante. 

Disciplina consiste na conduta de respeito entre os participantes, que garante o bem estar de todos. É ter clareza sobre os limites de ambas as partes e não ultrapassá-los, é saber que, ao finalizar a sessão ou o período acordado entre eles, todos voltam a ser pessoas “sem categorias” novamente, ou seja, sem distinção entre dominante e submisso.

Dominação

Esta prática é feita pela pessoa que assume o papel de dominante, que tem o controle sobre a parceira (ou parceiro) submissa. Aqui o dominante pode dar ordens, restringir os movimentos da parceira, infligir dor como punição a algum ato, usar instrumentos como canes (varas) e chicotes, desde que dentro das regras gerais acordadas entre os participantes durante a sessão de BDSM.

Submissão

Já na submissão, o papel do submisso é de se entregar ao seu dominante, permitindo apenas movimentos restritos, levar uma punição com algum acessório e, às vezes, até aceitar ser humilhado (a), caso ambas as partes estiverem de acordo. Na submissão, o submisso obedece a todas as ordens que seu parceiro impõem.

Sadismo

O termo Sadismo foi criado a partir do nome de um aristocrata francês, Donatien Alphonse François de Sade, também conhecido como o Marquês de Sade. 

Ele foi um escritor libertino que descreveu, em suas obras, o prazer ao infligir dor física ou moral em seu parceiro, ou seja, o sadismo não se limita às dores físicas que a parceira ou parceiro sofrem (com consentimento), como bater, espancar, chicotear, beliscar, etc, mas existe, também, o fator psicológico, onde o sádico humilha e controla (parcial ou completamente) o seu parceiro. 

O termo não está exclusivamente relacionado ao comportamento na prática sexual.

Masoquismo

Já o termo Masoquismo foi criado pelo psiquiatra alemão Richard von Krafft-Ebing como uma derivação do nome de Leopold Ritter von Sacher-Masoch, um jornalista e escritor austríaco que descreveu em seu romance um personagem que sente prazer ao ser submetido a uma dor física. 

Este termo se refere à tendência que as pessoas têm de sentir prazer ao serem submetidas a situações de dor física ou moral (humilhação). Assim como o sadismo, não é apenas relacionado a situações durante o ato sexual.

A história do BDSM

Não se sabe exatamente quando este conjunto de práticas se deu início, mas é possível perceber, ao longo da história da humanidade, a presença de alguns elementos que fazem parte da cultura BDSM.

Um dos relatos mais antigos que pode ser citado é o Mito de Inanna e Ebih, um texto mitológico da suméria de milhares de anos atrás, onde a Deusa Inanna representava uma figura sexual dominante e poderosa, e submetia homens e deuses às suas vontades.

O Kama Sutra, um antigo texto escrito em Sânscrito, na Índia, há 2.000 anos atrás, que é muito conhecido pelas suas posições eróticas, aborda vários outros assuntos além das posições sexuais. Neste compilado de texto que fala sobre amor e relações sexuais, existem capítulos específicos que mencionam mordidas e marcas de unhas, e existe, também, um capítulo inteiro dedicado ao “spanking” (ou palmadas).

Durante os séculos XVI e XVII, começaram a surgir as “Casas da Disciplina”, ou bordéis especializados em sadomasoquismo. A partir daí, a profissão de dominatrix foi criada, e as práticas sadomasoquistas foram disseminadas pela sociedade. 

Ainda, como já mencionado no tópico acima, existem as histórias escritas por Marquês de Sade, em 1785, e Leopold von Sacher-Masoch, em 1870, ambas polêmicas para a época – até mesmo para os tempos atuais. 

Os nomes de ambos os autores foram a base da criação dos conhecidos termos “sadismo” e “masoquismo”, respectivamente.

Charles Guyette iniciou o movimento de moda fetichista nos Estados Unidos e na Europa no século XX. Ele produzia roupas, calçados e acessórios em geral, e distribuía esses materiais para a sociedade.

Ainda no século XX, foi criada a subcultura leather, uma comunidade que se originou após a Segunda Guerra Mundial, composta majoritariamente por gays. O movimento da subcultura leather teve grande influência no desenvolvimento do BDSM. 

Atualmente, ela não é mais exclusiva do público masculino homossexual, e é considerada parte da cultura BDSM.

Podemos ver vários momentos da história onde as características que envolvem restrição, dominação, submissão, sadismo e masoquismo estão presentes. Isso apenas nos mostra como a natureza humana possui um campo a ser explorado quando se trata de sexualidade.

O que você deve saber antes de praticar o BDSM

Antes de colocar qualquer coisa em prática, é preciso ter um conhecimento básico sobre o assunto. Não basta apenas “querer praticar”, é preciso entender seus fundamentos primeiro. 

Existem 3 pilares básicos que devem ser seguidos pelos praticantes dessa cultura: o SSC, que significa “são, seguro e consensual”. Isto é, todas as partes devem estar de acordo com tudo o que será feito durante a sessão de BDSM, a prática deve ser segura e todos devem estar em estado consciente.

A comunicação entre ambas as partes é uma característica muito importante e deve ser feita de forma clara e sem ruídos. Saber se comunicar com sua parceira (ou parceiro) sobre o que pode e o que não pode ser feito durante o ato, além de ajudar a estabelecer respeito, fortalece a confiança entre eles. 

Fazer perguntas específicas sobre o desejo de cada um, por mais difícil que seja responder, é um passo fundamental para que não haja nenhum momento de constrangimento ou intimidação entre os parceiros.  

A pessoa no papel de submissa deve listar e detalhar seus desejos e impor os limites que não devem ser ultrapassados, assim como a pessoa dominante. Caso ambas as partes estejam de acordo com o que foi descrito, eles fecham um contrato e iniciam a “brincadeira”.

Palavras de segurança devem ser estabelecidas entre o dominante e o submisso caso haja a necessidade de interromper as ações do dominante, e elas devem ser obedecidas como lei durante o ato sexual. 

As palavras devem ser simples e de fácil compreensão. Também devem ser escolhidas cautelosamente para não serem utilizadas durante o ato, pois, por exemplo, caso a palavra seja “não” ou “pare”, o dominante pode se sentir ainda mais motivado em continuar. 

Alguns exemplos de palavras são “amarelo, vermelho, abacaxi, água, céu, mar, etc”, não existe regra para a escolha delas (além das mencionadas anteriormente) deixe sua imaginação voar!

Confiança, assim como a comunicação, é outro fator fundamental para quem está iniciando no BDSM, pois só haverá entrega de ambas as partes se a relação for construída, ainda que seja apenas sexual, em uma base de confiança mútua.

Além disso, é preferível que não haja consumo de álcool ou drogas durante a sessão de BDSM, pois essas substâncias podem afetar o julgamento de ambos os parceiros, podendo colocar um deles (ou ambos) em situações de risco. 

Ainda, ao praticar atos mais violentos, tente evitar as partes mais sensíveis do corpo, como pescoço, peito, cabeça ou estômago.

Use acessórios seguros para apimentar e estimular a sessão de BDSM: aposte em acessórios sexuais como vibradores, fantasias, máscaras, vendas, algemas, cordas, palmatórias, caning, cinta-ligas, chokers, etc. Lembrando sempre de priorizar a segurança de quem vai utilizar esses acessórios.

Após o primeiro encontro de prática do BDSM, converse com sua parceira ou parceiro sobre tudo o que foi feito para entender como ambas as partes se sentiram, se houve momentos não satisfatórios, o que poderiam fazer para melhorar, etc. 

Lembrando que a comunicação deve ser clara e precisa para que ambas as partes saiam satisfeitas e não se sintam desrespeitadas.

Vocabulário do BDSM

Se você é novo no ramo do BDSM, provavelmente vai precisar de uma ajudinha para entender algumas palavras usadas durante a prática. Pensando nisso, separamos uma lista de palavras mais usadas para você:

  • Dom e Dominatrix (ou Domme): a pessoa que domina e controla o submisso, quem está no comando. Dom é usado para o homem dominador e Dominatrix (ou Domme) para a mulher dominadora.
  • Sub: a pessoa submissa que permite ser controlada e com consentimento pelo Dom ou Domme.
  • Baunilha (ou vanilla): quem não pratica o BDSM. Existem alguns praticantes de BDSM que preferem não assumir publicamente seus gostos e se referem à vida normal como “baunilha”.
  • Cena: nome que se dá para a interação BDSM, que pode ocorrer em frente a outras pessoas (como festas). Durante a prática de BDSM cada participante assume um “papel” e a interação passa a ser interpretada como um jogo erótico.
  • Escravo: a pessoa que consente poder total ao seu dominador ou dominadora
  • Coleira: pode ser apenas um acessório utilizado na Cena, ou pode ser equivalente a uma aliança do relacionamento baunilha, marcando a oficialização do relacionamento entre um dom (ou dominatrix) e um sub.
  • SSC: são, seguro e consensual. Como já explicado anteriormente, refere-se aos pilares do BDSM em que nada deve ser feito sem o consentimento de ambas as partes. Os praticantes devem estar conscientes de seus atos, e eles devem sempre levar em consideração a saúde e segurança de quem está envolvido.
  • Safeword: refere-se a palavra de segurança já mencionada acima. Esta palavra deve ser dita quando o sub quiser interromper qualquer prática, e o dom (ou a domme) deve respeitar e parar imediatamente o que estiver fazendo.
  • Switcher: é uma palavra em inglês que significa “aquele que alterna”. Refere-se a uma pessoa versátil, que pode exercer o papel de dominador ou de submisso.

Agora você já sabe o básico sobre a cultura BDSM. Caso este assunto seja do seu interesse, procure por outros materiais que acrescente ainda mais a sua base de conhecimentos, como livros, podcasts, vídeos educacionais em canais de youtube, etc. Quanto mais informação você tiver sobre o assunto, você terá menos chances de submeter sua parceira (ou parceiro) a riscos.

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FAQ

O que é Petplay no BDSM?

Petplay é um tipo de fetiche feito por casais, um jogo de encenação em que a cena é composta por um animal (interpretado pelo sub) e seu dono (interpretado pelo dom ou domme). Esta prática não é apenas sexual e tem como fundamento a prática da submissão.

O que é Rigger no BDSM?

É o nome do dom (ou domme) que utiliza cordas como instrumento de dominação.

O que é Paddle no BDSM?

O nome dado aos instrumentos utilizados para jogos de impacto na prática do BDSM, normalmente em formato de remo.

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