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Guia completo sobre a Gonorreia


Gonorreia

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Escrito por:
The Men's

Tempo de leitura:
11 minutos

Criado em:
27/02/2023

Última atualização:
27/02/2023

Guia completo sobre a Gonorreia: sintomas, diagnóstico e tempo de cura do tratamento

A gonorreia, também chamada de blenorragia, é uma das IST (infecção sexualmente transmissível) mais comuns no Brasil. É causada por uma bactéria chamada Neisseria gonorrhoeae, descoberta no fim do século XIX e que atinge principalmente a mucosa genital. 

Atualmente, sabe-se que pode ser transmitida junto a outras ISTs. Leia neste material para saber como ocorre a transmissão, quais são os sintomas e muito mais.

Primeiramente, o que é IST?

IST significa Infecção Sexualmente Transmissível. Antes, essas infecções eram chamadas de DST – Doença Sexualmente Transmissível. Uma vez que haja a possibilidade de uma pessoa ter ou transmitir uma infecção mesmo não apresentando sintomas, a terminologia DST foi trocada por IST.

As ISTs são transmitidas através do sexo sem camisinha – feminina ou masculina, com uma pessoa infectada. Ao todo, foram identificados 30 agentes causadores dessas infecções, entre vírus, bactérias e parasitas. As ISTs também podem ser transmitidas de mãe para filho durante a gestação, no parto ou na amamentação, quando medidas de prevenção não são tomadas adequadamente.

O que é Gonorreia?

A gonorreia (CID 10 – A54) é uma IST causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Em 2020, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), foram registrados 82,4 milhões de novos casos no mundo entre adolescentes e adultos dos 15 aos 49 anos, sendo então considerada uma preocupação de saúde pública.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, registram-se cerca de 500 mil novos casos de gonorreia por ano. O maior número de casos registrados está entre os jovens de 20 e 24 anos. Adultos dos 18 até os 30 anos estão em maior risco de ter contato com a doença. 

Dados preocupantes de uma pesquisa feita em 2016, também do ministério, mostraram que 6 em cada 10 jovens dos 16 aos 19 anos não usaram preservativo em alguma relação sexual naquele ano.

Em 2019, um projeto criado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) demonstrou, através de um estudo, que jovens de 15 a 19 anos estão em maior risco de contrair gonorreia e outras ISTs. Segundo a pesquisa, isso pode ocorrer porque nessa faixa etária há maior desejo de autonomia, novas relações sexuais com mais de um parceiro e menos uso de preservativo. 

 Cinco fatos rápidos sobre a gonorreia:

  • Gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível, causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae – também conhecida como gonococo;
  • A bactéria é preferencialmente transmitida através do sexo vaginal, anal ou oral;
  • Apesar de muitos homens infectados apresentarem os sintomas, a maioria é assintomática;
  • O diagnóstico é feito através de teste de urina e coleta de material da uretra por cotonete; 
  • O tratamento é simples, e fundamental para não se ter outras complicações de saúde.

Quais são os sintomas da gonorreia?

Nos homens, a bactéria gonococo infecta, principalmente, a uretra – canal responsável por levar a urina da bexiga até o exterior. 

Os sintomas mais comuns são:

  • Dor ao urinar;
  • Urinar mais do que o normal;
  • Dor ou inchaço em um testículo;
  • Secreção amarela-esverdeada na ponta do pênis.

Esses sintomas costumam aparecer de 24 horas a 14 dias desde o contato com a bactéria, podendo se estender por até 30 dias. Contudo, é importante reforçar que apenas 25% dos homens apresentam alguns dos sintomas. Por isso, é fundamental o uso de preservativo nas relações sexuais, inclusive durante sexo oral. 

As mulheres também podem ser infectadas pela bactéria causadora da gonorreia, sendo os sintomas mais comuns: dor ao urinar, secreção vaginal anormal e dor abdominal ou pélvica. Estudos indicam que 70% das mulheres são assintomáticas. As complicações nas mulheres incluem inflamação no útero, nas tubas uterinas e nos ovários, podendo levar à infertilidade. 

A gonorreia também pode causar feridas nos genitais e afetar o colo do útero, reto e garganta – esses últimos por conta do sexo anal e oral. No reto, os sintomas são coceira, obstrução do canal anal, secreção e sangramento. Na garganta, o gonococo causa inflamação e o paciente apresenta alteração na fala.

Por vezes, a córnea também pode apresentar lesões pela bactéria. Em casos menos frequentes, ela entra na corrente sanguínea e dissemina, acometendo grandes articulações – cotovelos, joelhos e tornozelo -, causando pequenas manchas vermelhas e doloridas na pele.

Vale ressaltar que o tratamento médico contra gonorreia é indispensável para cura e manejo dos sintomas. Caso não tratada, o quadro do paciente masculino pode evoluir para uma epididimite – inflamação no epidídimo, estrutura do aparelho reprodutor dos homens, responsável pelo armazenamento e nutrição de espermatozóides imaturos. Em casos raros, pode levar à infertilidade. 

Confira qual é o tratamento mais adequado no tópico “Qual o tratamento para a gonorreia?”

Como saber se eu tenho gonorreia?

Para receber o diagnóstico de gonorreia, será preciso consultar um médico. Através do exame clínico por conta da suspeita de infecção, o profissional entrará com o pedido de exames laboratoriais. 

Um teste simples que pode ser realizado é o teste de urina. Contudo, o método de diagnóstico mais realizado é uma análise da secreção por microscópio. 

Não se pode fazer coleta do pus que é eliminado, uma vez que este já sofreu alterações das enzimas do corpo e possivelmente não apresentará as bactérias. Por isso, é feita coleta de material direto da uretra através de um cotonete. 

O exame é indolor, rápido e o paciente recebe o resultado em 15 minutos. 

Nos casos de queixa de pus na garganta em pacientes que praticaram sexo oral sem camisinha, é feito um teste de cultura da secreção, por ser mais eficaz no diagnóstico. O médico também pode pedir exame de sangue para análise complementar. 

Qual o tratamento para a gonorreia?

A gonorreia tem cura e o tratamento é relativamente simples. Por norma, o médico prescreve uma única injeção intramuscular do antibiótico ceftriaxona em combinação com um único comprimido do antibiótico azitromicina por via oral. 

Os antibióticos servem para matar as bactérias ou impedir que se espalhem pelo corpo. Ambos os medicamentos são aplicados na presença de um médico.

O tempo para que o paciente fique curado da gonorreia varia de 10 a 15 dias. Apesar do tratamento consistir em dose única de dois antibióticos, o paciente pode apresentar alguns sintomas até o quinto dia após o tratamento ter sido iniciado, obtendo então a cura em cerca de duas semanas. 

É importante ressaltar a importância do uso dos dois antibióticos, que devem ser prescritos por um médico. A ceftriaxona sozinha é muito eficaz contra a gonorreia. Porém, é muito comum a transmissão de gonorreia juntamente com outra infecção chamada clamídia, já que uma pessoa que tem uma IST facilmente transmite outras infecções. A azitromicina tem capacidade de combater esse outro agente infeccioso. 

A clamídia é a infecção concomitante mais associada à gonorreia. Segundo um artigo publicado na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, de 15 a 25% dos homens heterossexuais que tenham contraído gonorreia também apresentam clamídia. Além disso, a combinação dos antibióticos pode prevenir que a bactéria causadora da gonorreia se torne resistente. 

Qual a diferença entre gonorreia e clamídia?

Gonorreia e clamídia são as ISTs mais comuns no Brasil e no mundo. A forma de transmissão das duas infecções é a mesma e ambas têm cura. Assim como na gonorreia, homens com clamídia normalmente não apresentam sintomas. 

Porém, a clamídia é causada por uma bactéria diferente, chamada Chlamydia trachomatis. Sendo assim, o tratamento é um pouco diferente para quem apresenta apenas essa infecção: antibiótico azitromicina por via oral em dose única e, posteriormente, antibiótico doxiciclina por via oral durante sete dias.

Outra IST muito comum e que pode gerar dúvidas é a sífilis, também causada por uma bactéria – Treponema pallidum. Os sintomas são pequenas feridas nos órgãos genitais, febre, dor de cabeça e manchas vermelhas na pele, na mucosa e na boca. 

Essa infecção se apresenta em três fases, sendo que nas duas primeiras o risco de contágio é maior e os sintomas são mais nítidos. A terceira fase é assintomática e é seguida por complicações, como cegueira, paralisia e doença cardíaca.

Veja na tabela um resumo das diferenças e semelhanças entre essas três ISTs.

GONORREIACLAMÍDIASÍFILIS
AGENTE CAUSADORNeisseria gonorrhoeae (bactéria)Chlamydia trachomatis (bactéria)Treponema pallidum (bactéria)
SINTOMASDor ao urinar, secreção amarela-esverdeada, dor ou inchaço em um testículoDor ao urinar, secreção no pênis e dor testicularFeridas nos genitais ou ânus e erupções cutâneas
DIAGNÓSTICOTeste de urina ou análise microscópicaTeste de urina ou análise microscópicaTeste de urina, PCR ou cultura celular
TRATAMENTOCeftriaxona + Azitromicina (antibióticos)Azitromicina + doxiciclina (antibióticos)Penicilina (antibiótico)

Resistência aos antibióticos

Em 2016, o Ministério da Saúde, em colaboração com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou um estudo inédito de análise de resistência ao tratamento contra a bactéria causadora da gonorreia no Brasil – o Projeto SenGono. Os resultados mostraram que de 47% a 78% das bactérias tinham resistência aos antibióticos penicilina, tetraciclina e ciprofloxacina, que eram medicamentos padrões no tratamento da gonorreia nas últimas décadas de descoberta e tratamento da doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também já alertou para o surgimento de Neisseria gonorrhoeae multirresistente aos antibióticos ao longo dos últimos 20 anos. Acesso ilimitado aos antibióticos, remédios de baixa qualidade e o uso excessivo são os fatores que contribuem para esse fenômeno. 

Além disso, a gonococo tem alta taxa de mutação e de troca do gene de resistência, favorecendo o aparecimento de cepas que continuam no organismo mesmo após o uso dos antibióticos. 

Sendo assim, existem programas ao redor do mundo para controle da gonorreia. Os objetivos são identificar rapidamente as cepas multirresistentes, reduzir a incidência da infecção em 90% entre os jovens e adultos de 15 a 49 anos e também estabelecer campanhas de prevenção dessa e de outras ISTs.

Quanto custa o tratamento da gonorreia?

O custo dos medicamentos para curar a gonorreia pode variar conforme o estado e laboratório do fármaco, mas costuma ser barato. Felizmente, há tratamento gratuito no SUS, que disponibiliza antibióticos para o paciente e também para os parceiros sexuais mais recentes. 

Aqueles que tiveram contato com o paciente nos últimos 60 dias devem fazer o teste e, caso positivo, fazem o tratamento. E os parceiros das últimas duas semanas devem tomar os medicamentos, mesmo que não apresentem sintomas.

O combate às ISTs é uma das prioridades na saúde pública do Brasil e sua assistência está sob responsabilidade do Programa de Saúde da Família, das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e dos serviços de referência regionalizados. Os objetivos são: fácil acesso ao tratamento, seguimento dos pacientes e rastreio dos parceiros sexuais.

Caso apresente sintomas de gonorreia, clamídia ou outra IST, deve-se ir até uma UBS ou um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) mais próximo. Serão feitas consultas, testes de diagnóstico e aconselhamento psicológico. O paciente também pode tirar as suas dúvidas. Todo o serviço é gratuito, sigiloso e confidencial.

Além da camisinha, quais cuidados devo ter para não contrair ISTs?

A forma mais segura de evitar a gonorreia e outras ISTs é abstenção sexual ou manter relações sexuais mutualmente monogâmicas, com parceiro de longa data e que foi testado contra infecções. 

Lembrando que muitos casos são assintomáticos. Portanto, caso seja sexualmente ativo e com mais de um parceiro, deve fazer o teste de gonorreia regularmente. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos recomenda que mulheres com menos de 25 anos façam o teste anualmente. Já homens que fazem sexo com outros homens e profissionais do sexo devem fazer o teste a cada seis meses.

FAQ

É preciso de receita médica para tratar a gonorreia?

Sim. A gonorreia é tratada com antibióticos, uma classe de medicamentos que só pode ser vendida mediante apresentação da receita para o devido controle de venda e consumo. 

Posso consumir bebidas alcoólicas enquanto tratar gonorreia?

Não é aconselhável. Para uma melhor recuperação, os médicos pedem que o paciente tenha hábitos saudáveis, como beber muita água e alimentação equilibrada. 

É possível ter gonorreia mais de uma vez?

Sim, é possível ser infectado várias vezes, assim como em outras ISTs. O tratamento para gonorreia não fornece proteção duradoura contra a bactéria gonococo. Daí a importância de usar preservativo nas relações sexuais.

Posso ter relações sexuais durante o tratamento?

Não. O paciente só pode voltar a ter relações sete dias após o desaparecimento dos sintomas. Nos casos assintomáticos, a indicação é esperar sete dias após o fim do tratamento.

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